PRESS RELEASE DOWNLOADS

PNE 2050 vai definir o tamanho da
geração nuclear na matriz brasileira
Com recorde de público e já considerada uma das edições mais concorridas da série, 10º SIEN reuniu cerca de 250 pessoas
Assess. SIEN2019: 18/08/2019 |
12:05hs | Rio de Janeiro
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Eletronuclear confirma sua participação e patrocínio ao SIEN 2019
Empresa está empenhada na retomada de Angra 3
Assess. SIEN2019: 12/08/2019 |
15:05hs | Rio de Janeiro
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Rosatom confirma sua participação no X SIEN
Empresa russa Já construiu 77 Unidades VVER em vários países e possui 36 projetos de novas unidades no mundo
Assess. SIEN2019: 09/08/2019 | 08:45hs | Rio de Janeiro
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Secretário de Planejamento Energético do MME, Reive Barros, abre o 10º SIEN dia 14/08 no Rio
Modelo de parceria para Angra 3 e novas usinas nucleares está no centro dos debates da décima edição do evento
Assess. SIEN2019: 03/08/2019 | 11:25hs
| Rio de Janeiro
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Impacto da retomada de Angra 3
na economia do Rio e do País será tema de palestra da FIRJAN
Para cada real investido na usina de Angra 3, serão gerados R$ 1,57 no estado do Rio de Janeiro e R$ 2,28 no país.
 Assess. SIEN2019: 28/07/2019 | 14:30hs | Rio de Janeiro
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Modelo de parceria para conclusão
de Angra 3 sai até o final de julho
Assunto está no centro dos debates do SIEN 2019, que terá a presença do Secretário Especial do PPI e de Planejamento Energético do MME
 Assess. SIEN2019: 21/07/2019 | 18:10hs | Rio de Janeiro
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Marcada para agosto a 10ª edição do SIEN
Futuro do Setor Nuclear, novas tecnologias e parcerias em debate na agenda do 10º SIEN. ABIMAQ e 17 outras entidades já estão apoiando o evento
 Assess. SIEN2019: 10/06/2019 | 10:10hs | Rio de Janeiro
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Setor se mobiliza para a 10ª edição do SIEN e Expo Nuclear
Evento já conta com apoio de 15 das mais importantes associações técnicas, profissionais e empresariais do setor elétrico e nuclear
 Assess. SIEN2019: 13/06/2019 | 14:10hs | Rio de Janeiro
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Eletronuclear realiza sessão pública da licitação das obras da usina de Angra 3


A Eletronuclear realizou, na última terça-feira (29/06), a sessão pública para a abertura das propostas da licitação dos serviços de obras civis e de parte da montagem eletromecânica previstos no Plano de Aceleração do Caminho Crítico de Angra 3. Essa contratação visa a adiantar algumas atividades de construção da usina antes mesmo de a companhia contratar a epecista – EPC significa engenharia, gestão de compras e construção, na tradução do inglês – que irá empreender a obra global da unidade. 

O proponente mais bem classificado deverá apresentar os documentos de habilitação para serem verificados, motivo pelo qual não será divulgado, ainda, o nome do primeiro colocado. Após o término dessa análise, será agendada nova sessão para informar o resultado aos licitantes e abrir prazo para recursos. Caso o proponente mais bem classificado seja inabilitado, será convocado o segundo colocado para apresentar sua documentação. 

Os recursos necessários para realizar os serviços que são objeto dessa licitação são provenientes do Adiantamento para Futuro Aumento de Capital (Afac) aprovado pela Eletrobras em julho do ano passado. Em 2020, a holding liberou R$ 1,052 bilhão para a Eletronuclear. Para 2021, estão previstos R$ 2,447 bilhões adicionais, dos quais R$ 850 milhões já foram liberados. O montante total do Afac consta no Plano Diretor de Negócios e Gestão (PDNG) 2021-2025 da Eletrobras.

Entre as principais medidas que constam no Plano de Aceleração do Caminho Crítico de Angra 3 está a conclusão da superestrutura de concreto do edifício do reator da usina. Além disso, será feita uma parte importante da montagem eletromecânica, que inclui o fechamento da esfera de aço da contenção e a instalação da piscina de combustíveis usados, da ponte polar e do guindaste do semipórtico. 

A expectativa da Eletronuclear é que o contrato com a empresa vencedora da licitação seja assinado no segundo semestre e que a retomada das obras ocorra até o final deste ano. O índice atual de conclusão da construção de Angra 3 é de 65%. A companhia prevê que a usina entre em operação em novembro de 2026.

Estruturação do modelo de negócios

Também nesta terça-feira, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) divulgou a assinatura de contrato entre a instituição e o consórcio Angra Eurobras NES, vencedor da concorrência para a estruturação do projeto de retomada e conclusão das obras de Angra 3.

A contratação do consórcio faz parte dos serviços técnicos que o BNDES presta à Eletronuclear desde 2019, visando a estruturar o modelo jurídico, econômico e operacional de parceria junto à iniciativa privada para a construção, manutenção e exploração da usina. Para mais informações, clique aqui.

É importante ressaltar que esse processo é independente daquele que resultará na contratação do serviço de obras e montagem no âmbito do Plano de Aceleração do Caminho Crítico de Angra 3 e também no que contratará a epecista para finalizar a construção da unidade. O primeiro é de responsabilidade do BNDES, enquanto os dois últimos, da Eletronuclear.

Fonte: ELETRONUCLEAR


TRACTEBEL LIDERA CONSÓRCIO QUE VAI ESTRUTURAR A CONCLUSÃO DE ANGRA 3

Retomada das obras será tema de painel no XII SIEN

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) assinou contrato com o consórcio Angra Eurobras NES, vencedor da concorrência para a estruturação do projeto de retomada e conclusão das obras da usina nuclear de Angra 3, paralisadas desde 2015.


A retomada das obras de construção da terceira usina da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA), localizada em Angra dos Reis, Estado do Rio, está no centro dos debates do XII Seminário Internacional de Energia Nuclear – SIEN 2021, marcado para os dias 25, 26 e 27 de agosto próximo. A CNAAA é composta por mais duas usinas: Angra 1 e Angra 2, ambas já em operação comercial.


A usina Angra 3 terá potência instalada de 1.405 MW e cerca de 82.000 m² de área construída, o equivalente a dez campos de futebol. Com investimentos previstos de 15,5 bilhões nos próximos cinco anos, Angra 3 concentra todas as atenções do setor.


Histórico

Iniciada em 1984, a construção da unidade foi interrompida duas vezes — a última em 2015, quando pouco mais de 60% do empreendimento já tinha sido concluído. Prevista para entrar em operação no fim de 2026, Angra 3 vai gerar mais de 10 milhões de MWh por ano, energia suficiente para atender aproximadamente 6 milhões de residências. Além disso, como se trata de geração sem dependência de condições climáticas, a usina contribuirá para o aumento da confiabilidade do Sistema Interligado Nacional (SIN).


A contratação do consórcio faz parte dos serviços técnicos que o BNDES presta à Eletronuclear — proprietária da usina — desde 2019, visando estruturar o modelo jurídico, econômico e operacional de parceria junto à iniciativa privada, para a construção, manutenção e exploração de Angra 3. Formado pelas empresas Tractebel Engineering Ltda. (líder), Tractebel Engineering S.A. e Empresários Agrupados Internacional S.A., o consórcio terá a atribuição de definir a projeção dos investimentos necessários à implementação do projeto, o cronograma detalhado da obra e a especificação de como se dará a contratação de uma ou mais construtoras para a realização dos trabalhos.


O grupo Tractebel, cuja história começa no século XIX, tem experiência em vários países do mundo na atuação com energia nuclear. A Empresarios Agrupados é uma empresa espanhola de engenharia, criada em 1971, atuante no setor de geração de energia elétrica, com experiência na implantação de usinas nucleares.


“A contratação do consórcio, composto por empresas com vasta experiência em assessoramento à implementação de usinas nucleares no mundo, permitirá que se projete ao mercado a confiança necessária para atrair parceiros construtores de primeira linha e uma ampla gama de agentes financiadores no Brasil e no mundo”, explica Leonardo Cabral, diretor de Privatizações do BNDES.


De acordo com modelo proposto pelo banco, as obras serão retomadas por meio de EPC (Engineering, Procurement and Construction), modalidade de contratação de serviços de engenharia na qual a construtora contratada ficará responsável não só pela execução da obra em si, mas também por eventuais complementos ao projeto de engenharia e pela compra dos materiais e equipamentos necessários à finalização da obra. Angra 3 poderá ter um ou mais contratos de EPC, dependendo das recomendações técnicas a serem feitas pelo consórcio contratado.


Segundo Lidiane Delesderrier Gonçalves, superintendente da Área de Estruturação de Empresas e Desinvestimento do BNDES, o consórcio Angra Eurobras NES será responsável também por assessorar a contratação das construtoras. "Esse assessoramento, que incluirá a avaliação das propostas técnicas das empresas proponentes, é considerado de suma importância para garantir um processo seletivo bem-sucedido, atraindo empresas de reconhecida qualidade técnica", afirma.


SIEN 2021

Respeitando todos os protocolos da Covid-19, o XII SIEN será 100% online. Mais uma vez, o SIEN vai congregar, no terceiro dia, os debates voltados para as questões da comunicação no setor nuclear, tema estratégico para conscientizar a sociedade sobre os benefícios socioeconômicos da tecnologia da radiação.

Além da retomada de Angra 3, a agenda SIEN 2021 vai debater também outros importantes projetos para o setor nuclear, como a definição dos locais para abrigar as seis novas plantas previstas no Plano Nacional de Energia (PNE 2050), Pequenos Reatores Modulares (SMRs), uso da radiação na indústria do Petróleo e no tratamento de efluentes, entre outros.

O SIEN 2021 traz duas novidades no formato online: a Feira Virtual de Negócios e Tecnologia, resgatando a EXPONUCLEAR em modo virtual; e uma Rodada de Negócios, também online, para dar visibilidade às novas oportunidades em toda a cadeia da indústria nuclear. A EXPONUCLEAR virtual preserva e amplia todos os benefícios e funcionalidades do modelo presencial, com estandes personalizados e interativos, oferendo ainda:

§ Disponibilidade para visitação por 30 dias (um mês durante e após o SIEN)


§ Catálogo com opções de estandes para escolha

§ Inserção de vídeos

§ Links externos para sites

§ Links externos para PDFs

§ Links externos para vídeos

§ Links externos para conferências

§ Links externos para reuniões virtuais

§ Popup informativo. 


(Fonte: assessoria de imprensa do BNDES e ELETRONUCLEAR)


Mais informações 

Tel.: (55 21) 3301-3208 / 99699-1954

siennuclear@gmail.com/carlos.emmiliano@gmail.com

www.sienbrasil.com.br

www.eventoscasaviva.com.br





PRESIDENTE DA ELETRONUCLEAR DIZ EM ENTREVISTA
QUE PARCEIRO DE ANGRA 3 SERÁ CONHECIDO 
EM 2022 

25, 26 e 27 DE AGOSTO DE 2021 RESERVE ESTA DATA
O Presidente da Eletronuclear, Leonam Guimarães, concedeu entrevista ao Programa Alesfe Talks, da TV Senado, um espaço para advogados e consultores do Senado Federal tirarem dúvidas de temas relevantes no Brasil, sobre o tema “Energia Nuclear”.

Leonm Guimarães falou sibre duversos pontos importantes da Medida Provisória 998/2020, que trata sobre mudanças estruturais no sistema de energia brasileiro, que agora tramita como Projeto de Lei, e voltará a ser debatida a partir de fevereiro no Senado, além de outros assuntos que merecem esa reprodução. Os principais trechos dessa conversa, Leonam esclareceu muitos pontos sobre a retomada das obras de Angra 3:

– A modelagem da retomada de Angra 3 é um tema que vem sendo estudado há muito tempo, ganhou impulso no final de 2017 e realmente começou a se sustentar já no atual governo. A usina de Angra 3 foi definida como projeto prioritário do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI). Para isso, foi criado um grupo de trabalho interministerial, que assessorava o atual comitê do PPI. Esse comitê determinou que contratássemos o BNDES para a estruturação do modelo de negócio.

Desde aquela época até a entrada do BNDES neste trabalho, nós considerávamos nos estudos internos a possibilidade da entrada de parceiros internacionais privados minoritários. Era o que pensávamos. Ao longo dos estudos do BNDES, foi demonstrado que essa alternativa que, em pese ser desejável e interessante, não é indispensável e necessária para a viabilidade econômico-financeira do empreendimento.

O BNDES vem trabalhando nessa modelagem e concluiu o seu relatório inicial. Hoje, o Conselho do PPI tomou a decisão de enviar esse estudo para o CNPE para o acompanhamento da implantação da usina de Angra 3. Esse trabalho continua sendo feito pelo BNDES, em sua segunda fase, com a expectativa que em 2022 seja feito o grande contrato de EPC para a conclusão da obra.

Hoje, os estudos do BNDES estão em andamento, com uma série de diligências necessárias para que seja feita esta licitação internacional para a contratação do epcista. O projeto entrou nos trilhos e está avançando. O nosso objetivo e o do planejamento do sistema elétrico é a entrada de Angra 3 ao final de 2026. Para garantir que isso aconteça, a Eletrobrás está dando suporte de investimento àquilo que nós chamamos de Programa de Aceleração do Caminho Crítico do empreendimento. Ou seja, o objetivo é a retomada do empreendimento naquelas partes que fazem parte do caminho crítico, de forma a garantir que a data de entrada em operação comercial da usina não seja comprometida. Esse plano de investimento da Eletrobrás em Angra 3 é o maior investimento previsto dentro do seu plano diretor de negócios. As duas coisas estão acopladas, funcionando em paralelo e harmonicamente para efetivamente cumprir o planejamento de expansão da energia elétrica prevista.

O Presidente da Eletronuclear falou também sobre as observações do Tribunal de Contas da União (TCU):

– Existe uma grande preocupação no formato do ponto de vista jurídico e também do ponto de vista das orientações e determinações do TCU. Importante dizer também que todas as ações e atividades relacionadas aos investimentos da Eletrobrás em Angra 3 estão em andamento. Já foram alocados investimentos importantes em 2020. Para este ano, a ordem de grandeza desses investimentos é um pouco maior, o que permitirá dar início a várias frentes de trabalho importantes. O objetivo é não perder tempo até o momento da contratação do epecista – que é um trabalho relativamente longo -, garantindo que até o final de 2026 a usina esteja em operação.

A retomada da obra já está em andamento. Ela vai se convergir justamente com o trabalho que o BNDES está fazendo. Lembrando sempre também que esse tema corre em paralelo com o processo de capitalização da Eletrobrás. Essas atividades se juntam para uma solução que atenda a todos esses aspectos
complexos envolvidos.

Para alguns críticos da geração nuclear de energia, o valor de R$ 480,00 por MW/hora é muito alto e prejudicaria o consumidor. Mas isto foi desmistificado por Leonam Guimarães, que deu uma explicação definitiva sobre esta questão:

– Essa visão de que o consumidor será prejudicado é bastante equivocada. Ela parte do princípio de que a eletricidade é uma commodity, o que não condiz com a realidade. Na realidade, o valor da eletricidade depende da característica da fonte, do local e da hora em que é produzida.

Por exemplo, no sistema elétrico existem fontes que geram energia de base, que geram energia durante todo o tempo. Há também fontes de natureza intermitente, como a energia eólica e solar. E ainda existem fontes com uma sazonalidade de prazos mais longos, como é o caso da hidroeletricidade. Por fim, você tem as fontes de energia térmica convencional, geradas por energia fóssil, que são extremamente sensíveis à volatilidade dos preços 
desses combustíveis.

Então, na realidade, não se pode fazer comparações diretas por preço unitário das fontes. O que importa para o consumidor é o custo total do sistema, valor que será rateado por todos eles. No sistema das bandeiras, as condições hídricas fazem com que seja aumentado o despacho térmico, usando fontes mais caras. Se fizéssemos uma simulação com Angra 3 operando no Brasil a R$ 480 por MWh nos últimos anos, o custo total do sistema se reduziria e não aumentaria. Em que pese esse número (R$ 480/MWh), isoladamente, seja superior ao custo do Kilowatt/hora gerado pela energia solar.

A diferença é que as bandeiras vão despachando energia térmica cada vez mais cara, bem superior ao valor de R$ 480 de Angra 3. Isso significa que o impacto de Angra 3 é deixar de ser necessário o despacho de energias térmicas mais caras do que R$ 480 ao longo de um ano. Então, a análise do que está sendo repassado para o consumidor não pode ser o valor unitário do preço de produção de uma fonte. O que deve ser avaliado é o custo do sistema como um todo – com e sem Angra 3. Em uma simulação recente feita pelo Operador Nacional do Sistema (ONS), a pedido do Ministério de Minas e Energia e apresentada em audiência pública a pedido do IBAMA, ficou claro que, em 2020, o custo do sistema iria cair se Angra 3 estivesse operando. Então, na realidade, você não está passando custo para o consumidor, mas sim reduzindo o custo total do sistema e, portanto, reduzindo o custo individual de 
cada consumidor.

A dificuldade na questão foi o financiamento da Usina Nuclear Angra 3, que foi outro tema abordado na entrevista:

– O marco zero da construção da usina é junho de 2009. O marco zero da construção de uma usina nuclear é sempre a primeira concretagem da laje do prédio do reator. Os trabalhos feitos anteriormente não caracterizam o início da construção. O grande calcanhar de Aquiles da energia nuclear é que o custo capital é muito elevado. É um investimento de grande volume de recursos, com um prazo muito longo de maturação para dar o retorno esperado. Isso envolve riscos elevados, o que acaba elevando o custo do capital nesses empreendimentos. A interrupção das obras de Angra 3, depois de seu início formal, aconteceu em virtude da falta de recursos próprios para dar a contrapartida aos financiamentos feitos ao BNDES. Essa foi a primeira razão para a interrupção das obras.

Depois veio a Lava Jato, que inviabilizou uma solução para uma nova equação financeira para o empreendimento. Nesse valor, determinado pelo CNPE, com base no estudo da EPE, ele elimina os custos da ineficiência. Ou seja, todos os custos não produtivos que ocorreram ao longo desse período. Esse valor é compatível e menor do que o de usinas que estão sendo construídas atualmente em estágio avançado, como a Usina de Hinkley Point B, no Reino Unido, e Akkuyu, na Turquia. Uma é um pouco mais potente do que Angra 3 e a outra um pouco menos. Mas são bastantes similares ao preço de R$ 480, de acordo com a taxa de câmbio da época. Quando foi feita esta avaliação, era bastante compatível, com Angra 3 sendo inferior a essas duas usinas.

Na realidade, esse preço foi expurgado. Inclusive foi dada baixa contábil desses valores de perdas, estimadas pela empresa que foi contratada pela Eletrobrás para investigar eventuais desvios e irregularidades cometidas por gestores da empresa. Ou seja, nesse valor não está embutido esses aspectos improdutivos. Esse preço de referência de R$ 480 não foi estabelecido pela Eletronuclear, mas pelo CNPE através do estudo da EPE.

E aí chegamos na MP 998 que, em um de seus artigos, diz que quem estabelece os preços de venda de energia seria o BNDES. A MP também estabelece, em critérios bem claros, como esse preço é calculado e o que deve ser levado em consideração pelo BNDES e os critérios. Isso dá uma importante segurança jurídica para que haja o investimento no empreendimento. A Eletrobrás está fazendo investimento e precisa ter segurança de que o valor de energia seja compatível com investimento a ser feito.

Leonam Guimarães falou também sobre os entraves ao crescimento do uso da energia nuclear no Brasil e a grande possibilidade de expansão deste setor:

– O maior problema enfrentado pela cadeia produtiva da energia nuclear tem a ver com o combustível nuclear. O combustível nuclear responde hoje, na situação brasileira, por 18% do custo de operação de uma usina, considerando também a remuneração do capital. Como nós temos um parque muito pequeno de produção, a escala de produção do combustível é muito baixa. E em escala baixa, os custos acabam sendo mais altos. A Eletronuclear, que é propriedade da Eletrobrás, é uma empresa independente do Tesouro Nacional. Dessa forma ela tem acesso ao mercado de capitais e a financiamentos. Já a INB, que tem o monopólio de materiais radioativos, é uma empresa dependente do Tesouro. Por sua vez, não tem acesso ao mercado de capitais, financiamentos, e tem muita dificuldade de expandir sua produção. Para viabilizar a produção de combustível nuclear de uma forma econômica, é necessário ganhar escala. Para isso, tem que produzir mais e se introduzir no mercado internacional, passando a ser um ator no mercado internacional de combustível nuclear.

O Brasil tem grandes reservas de urânio e o domínio tecnológico de todas as etapas de seu processamento. Ou seja, o país reúne todas as condições para ser efetivamente um importante player no mercado internacional de combustível nuclear. Lembrando que a estabilidade, do ponto de vista político, é um fator muito importante. Hoje, vários players do mercado internacional de combustível vêm de países onde há uma certa instabilidade política e econômica. O Brasil agregaria segurança de abastecimento ao mercado internacional. Lembrando que a energia nuclear gera 10% da energia elétrica do mundo e existem 442 usinas em operação no planeta. Ou seja, o aumento de escala de produção de combustível nuclear, via participação no mercado internacional, é um elemento que reforçaria essa cadeia produtiva aqui no Brasil.

Depois, tem a fabricação de componentes. Há um parque industrial importante adaptado à fabricação de grandes componentes, que é a Nuclep. A empresa também está envolvida com a Marinha na fabricação dos submarinos. A Nuclep tem todas as condições de participar desse mercado internacional de componentes. A Nuclep também é dependente do Tesouro e não tem acesso a financiamentos.

Como essas duas empresas continuarão sob o guarda-chuva do Estado, não teria uma solução rápida. Teria que ser escalonada. É preciso fazer uma independência paulatina, especialmente da INB, mas também da Nuclep. Já foi dado um grande passo na INB, destacado pelo Presidente da República, porque o Brasil voltou a produzir concentrado de urânio. O país passou vários anos sem produção por razões de natureza técnica e econômica. A produção foi retomada e espera-se com grande expectativa, o início da produção da Mina de Santa Quitéria, no Ceará, que é uma mina de fosfato, cujo subproduto é o urânio. 

Com essa produção, poderíamos começar a pensar em atender 100% à demanda interna, mas também participar do mercado internacional, como via para fugir da dependência do Tesouro. Sem dúvida, transformar a INB e Nuclep em empresas públicas é o primeiro degrau para tirar os sócios minoritários e, com maior autonomia, proporcionar uma tomada de decisões para esses passos seguintes. Angra 3 é uma grande alavanca para se aumentar a escala de produção.  

– Sobre a pressão de ambientalistas, em geral sem conhecimento técnico, os esclarecimentos do Presidente da Eletronuclear são definitivos, principalmente quando se refere a acidentes nucleares e aos rejeitos nucleares:

– É curioso chamar o acidente nos Estados Unidos, de Three Miles Island, como um acidente de grandes proporções. Que acidente é esse que não causou nenhuma vítima e nenhum dano ao meio ambiente? Foi uma perda de grandes proporções sim, mas para o proprietário da usina, porque ela se tornou inoperante. Mas sem vítimas e zero dano ao meio ambiente.

Fukushima. Fenômeno natural não previsto causou o acidente. Ninguém morreu por causa da radiação

O acidente de Chernobyl foi um acidente que não teve a natureza tecnológica, mas cultural da antiga União Soviética. A cultura que existia até então permitiu colocar a produtividade à frente da segurança. O chefe da usina decidiu tomar uma decisão contrária ao manual de operação da usina. A partir daí, cada vez mais, nasceu o conceito maior de segurança. Ou seja, Chernobyl não foi um problema tecnológico, mas de cultura de quem operava a usina. A realidade hoje é completamente diferente. Isso foi há 30 anos. Hoje, a realidade da Rússia é muito diferente.

O acidente de Fukushima foi causado por um fenômeno natural, com previsibilidade muito baixa. Não era esperado acontecer. Foi um terremoto que a usina resistiu perfeitamente, seguido de um tsunami com uma altura na qual a usina não estava projetada. Volto a dizer: quantas vítimas da radiação foram causadas por Fukushima? Nenhuma. As vítimas do incidente foram em virtude de uma evacuação precipitada e sem planejamento. Hoje, aliás, esse é um tema que se discute bastante.

Em relação ao que se diz sobre o chamado lixo nuclear, ainda se fala como se fosse lixo o elemento de combustível usado. Do ponto de vista legal, nem no Brasil e em muitos países do mundo, o combustível nuclear usado é lixo. Por uma razão muito simples: existe um enorme potencial energético ainda no combustível usado, que poderá ser aproveitado pelas gerações futuras, porque é um legado positivo. A viabilidade econômica e financeira de aproveitamento desse potencial é limitada, porque custa muito caro. Chamar o combustível nuclear usado de lixo é uma decisão estritamente política, porque os rejeitos de alta atividade respondem de 5 a 10% da massa total desse combustível. O restante da quantidade da massa desse combustível pode ser reciclado e já o é em vários locais do mundo. Não só na França e na Rússia, mas também no Reino Unido e Japão.

A responsabilidade do operador é manter o combustível usado em condições seguras de armazenagem de longo prazo. E nós estamos em processo de licenciamento de uma instalação deste tipo. Essa instalação é rigorosamente idêntica a mais de duzentas instalações iguais que existem em todo mundo. Em especial nos Estados Unidos, que tem quase um quarto do parque internacional da indústria nuclear. Estamos fazendo rigorosamente a mesma coisa do que é feito na América, na Europa Ocidental e no Japão. Questionar a segurança dessa armazenagem chega a ser uma coisa muito estranha. Aliás, a ganhadora da licitação que abrimos para construção dessa armazenagem é uma empresa americana que já instalou mais de 70 unidades desse tipo em todo o mundo. Não há nenhuma razão para se questionar uma instalação desse tipo. Basta olhar em volta, olhar o que é feito no mundo e quem está fazendo esta instalação.
FONTE: TV SENADO / PETRONOTÍCIAS

 Foto: Leonam Guimarães - Presidente da EletroNuclear
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DA FRIGIDEIRA PARA AS BRASAS

José Luiz Alquéres*
A MP de capitalização/privatização da Eletrobras, após a votação do texto com as emendas do relator pelo plenário da Câmara chega ao Senado esta semana. Como esperado nada de bom poderia resultar desta maneira de tratar tão importante assunto. 

Um tema eminentemente técnico e complexo estará sendo decidido ao sabor da pressão de lobbies e não de estudiosos, como os gigantes que construíram nosso setor elétrico, como John Cotrim, Mário Bhering, Camillo Penna (que nos deixou aos 95 anos semana passada), Dias Leite, Otávio Marcondes Ferraz, Lucas Lopes, Eliseu Rezende, o General Costa Cavalcanti, Luiz Anibal Fernandes, Souza Dias, Brito e outros grandes engenheiros.

Não pode dar certo. Basta ver as três correntes que tiveram mais voz nas discussões, sendo a segunda e terceira também e no acolhimento de emendas: 
- a dos contrários por motivos ideológicos (que defendem a permanência do Estado na propriedade da empresa;)
- a dos favoráveis, seja por motivos ideológicos ou pelas oportunidades de ganhos de intermediação que o negócio proporcionará via polpudas comissões;
- e por fim, a turma dos oportunistas, sem visão de interesse nacional, mas com objetivos de ganhos muito específicos, para seus negócios.

Os deputados do Centrão trataram, como usual, o assunto como usual: o que isso pode beneficiar meu curral eleitoral, meu discurso populista. E os lobistas enfiaram as mais estapafúrdias propostas.

Escrevo este artigo, na undécima hora, com a convicção que a esperança é a última que morre. E que um sopro de bom senso, como a labareda do Espírito Santo iluminou a cabeça dos apóstolos, o Divino se manifeste e Suas Excelências os Senadores engavetem esta MP.

Os que conhecem o setor elétrico e sabem do seu funcionamento sistêmico, dos desafios que a partir das mudanças climáticas ele será submetido, da necessidade de estudos mais aprofundados sobre o funcionamento complementar de suas partes, constatam o efeito do açodamento da discussão naquele fórum impróprio.

Nunca talvez tenha se discutido um projeto desta envergadura, com uma equipe governamental tão despreparada em relação às necessidades do assunto. 

Neste contexto, sem discussões organizadas com a presença das grandes empresas, da Academia e dos consultores nacionais e internacionais, corre-se o risco de perpetrar um crime em relação às novas gerações. 

O motivo da urgência, segundo anunciado pelo Secretário de Governo de Privatizações em debate organizado no dia 13 de abril pelo BTG, é que, se não usarmos a janela de oportunidade ora existente e um projeto que recebeu alinhavado pelo Governo anterior, ela não seria factível neste Governo.

Não é uma posição que tranquilize as empresas operacionais do setor. O que sabem do funcionamento de um sistema integrado e complexo esta plêiade de atores privados e governamentais que não veem, no seu imediatismo, o médio e longo prazo?

Por olhar sempre o futuro e pelo seu peso, a Eletrobras não pode ser transferida em bloco, como um quase monopólio público para se transformar num monopólio privado. Isso vai produzir um substancial desequilíbrio pela concentração de mercado resultante, como estudos de consultores independentes apontam.

Outro termo empregado no debate acima mencionado, o fatiamento da Eletrobras, está sendo incorretamente empregado. Furnas foi criada antes da Eletrobras e assim como suas outras controladas podem voltar a viver de forma independente, públicas ou privadas.

A Eletrobras, arrecadava recursos na Região Sul e Sudeste, via Furnas e Eletrosul e os aplicava nas demais. Com isso ao longo da sua existência foi o maior fator de redução das desigualdades regionais que tivemos. O consumo de energia no Nordeste antes da Chesf, em 1950, era 1 % do Brasil. Hoje é quase 20%. Isto porque a Eletrobrás canalizou recursos para aumentar a oferta na região. Este é um bom papel de uma empresa estatal;

Agora, com exceção da Chesf, cujo destino é gerir primordialmente a água e não a eletricidade, está mais do que na hora de tornar as controladas da Eletrobras independentes, com suas ricas culturas técnicas e conhecimento das regiões onde atuam.  

A Eletrobras também é dona dos sistemas de transmissão que devem ser integrados em malhas regionais e privatizados, com essa característica unitária por região e conexão entre elas. Por que? Não duvido de um forte nível de geração eólica e solar no Nordeste sendo transportado para o Sudeste.  

Tudo isso pode ser feito rapidamente. São empresas individualizadas por linha de transmissão ou subestação. E tem que ser operadas e mantidas com um certo cuidado, para que não se repitam episódios, como o recentemente ocorrido no suprimento ao Amapá.

A Eletrobras é essencial para conferir ritmo necessário às futuras nucleares (conciliando necessidades do sistema elétrico com continuidade do desenvolvimento tecnológico). A ela cabem também, constitucionalmente, os futuros aproveitamentos internacionais.

No contexto da rápida transição energética que vivemos é essencial preservar e ampliar o papel de pesquisa no Cepel, em áreas como corrente contínua, energia solar, hidrogênio, controles eletrônicos de smart grids e outros. 

E também ser a mais profunda conhecedora dos impactos ambientais da energia e dar as diretrizes para o mundo de emissões zeradas. Por que? Porque o futuro é elétrico, tem que ser limpo e isso implica em triplicar a capacidade de geração. 

Não é neste simples artigo que se mostrará a solução para um problema da envergadura que esta privatização requer. E também provar a necessidade de o Governo manter, neste momento de transição energética, sob a Eletrobras estatal, o seu braço de energia na área nuclear, o Centro de Pesquisa, CEPEL, e os aproveitamentos internacionais regulados por Tratados, o que de resto é o que define a Constituição.

O momento é de engavetar uma Medida Provisória mal concebida, geradora de um enorme aumento tarifário, mascarado por usar recursos de capital oriundos da venda deste patrimônio para cobrir despesas de operação nos próximos anos deste Governo.

O Governo também diz que os ativos da Eletrobras não rendem o que deviam. Que assim ela não tem como investir. E como poderiam render, se ele mesmo, Governo, impôs tarifas baixíssimas para suas geradoras e reduziu a nada a remuneração dos seus ativos, por motivos eleitorais? 

Atrair investidores depende de um marco regulatório decente - que não existe - e de um comportamento adequado do órgão regulador - que sequer respeitou o definido na recente privatização das distribuidoras - o que já o fez ser acionado judicialmente. Aliás, o setor sofre alta judicialização por problemas do gênero.

São muitos problemas a serem resolvidos e a privatização neste modelo só os agravará e precisa ser rejeitada no Senado.

* Ex- Secretário Nacional de Energia, Presidente da Eletrobrás e Light e Ex-diretor do BNDESPAR


Foto: José Luiz Alquéres
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EUA LANÇAM PROGRAMA PARA INCENTIVAR SMRs

Tecnologia de pequenos reatores e de reatores modulares será tema de debate 
durante o XII SIEN
O Departamento de Estado dos Estados Unidos lançou um programa de Infraestrutura Básica para o Uso Responsável da Tecnologia de Reatores Modulares de Pequeno Porte denominado FIRST, que fornecerá “apoio de capacitação aos países parceiros”. O aporte inicial é de US$ 5,3 milhões para apoiar os projetos da FIRST.

O Departamento de Estado americano disse em um comunicado que “O FIRST é um programa de capacitação projetado para aprofundar os laços estratégicos, apoiar a inovação energética e promover a colaboração técnica com as nações parceiras em uma infraestrutura de energia nuclear segura. Essa cooperação inclui o apoio à implantação de tecnologias nucleares avançadas, incluindo pequenos reatores modulares (SMRs), de maneira consistente com a Abordagem de Marcos da Agência Internacional de Energia Atômica para a implementação de um programa de energia nuclear responsável.”

A FIRST fortalece as relações dos Estados Unidos com parceiros internacionais, por meio do governo, indústria, laboratório nacional e compromissos de instituições acadêmicas, disse o Departamento de Estado.

Os benefícios dos SMRs incluem a redução de custos, escala, flexibilidade e a capacidade de parceria com outras fontes de energia renovável, como energia eólica e solar. A tecnologia também pode ser empregada em dessalinização de água; substituição do carvão para alimentar processos industriais de uso intensivo de energia; e produção de hidrogênio para ajudar a descarbonizar o transporte e outros setores. Os SMRs seriam a alternativa ideal para gerar energia em locais mais longínquos do país, como o extremo norte e noroeste.

SIEN VAI DEBATER SMRs

A tecnologia de SMRs vai estar em discussão na Agenda do XII Seminário Internacional de Energia Nuclear (SIEN 2021), marcado para os dias 25, 26 e 27 de agosto, assim como assuntos importantes da agenda nuclear, com segurança cibernética no setor de energia, aplicações da radiação na agricultura, medicina e na indústria do petróleo.

O SIEN 2021 será online devido à incerteza com relação à evolução do programa de vacinação contra a Covid-19 no País. Mais uma vez, o SIEN vai congregar no terceiro dia os debates voltados para as questões da comunicação no setor nuclear, ferramenta estratégica para conscientizar a sociedade sobre os benefícios socioeconômicos da tecnologia da radiação. 

A data já está confirmada e já pode ser reservada na agenda: 25, 26 e 27/08/2021. No modo online o evento recebeu em 2020 quase 3.000 acessos durante os três dias de debate, e espera repetir o sucesso e superar estes números em 2021.

 Foto: REATOR MODULAR 
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MEDIDAS ABREM CAMINHO PARA RETOMADA DAS OBRAS DE ANGRA 3

RETOMADA DE ANGRA 3
A retomada da construção de Angra 3 vem avançando de forma significativa. Desde o ano passado, várias medidas foram tomadas para que o reinício das obras se torne uma realidade. Isso reflete a prioridade dada para o empreendimento pelo Ministério de Minas e Energia (MME). A Eletronuclear também vem fazendo a sua parte para alcançar esse objetivo.

Em 4 de fevereiro, houve um acontecimento importante para Angra 3. Nessa data, o Senado aprovou a conversão em lei da Medida Provisória 998, que permite a revisão do preço de contratação da energia a ser gerada por Angra 3. O texto, que segue agora para sanção presidencial, estabelece um marco legal para diversas questões relacionadas ao empreendimento, dando segurança jurídica para que se possa investir na retomada da usina.

Uma das mais importantes é a rescisão do contrato de energia de reserva existente e a pactuação de um novo contrato, com preço da energia que atenda à rentabilidade do empreendimento e à modicidade tarifária. Este preço será calculado pelo BNDES, que já vem trabalhando na reestruturação financeira e contratual do projeto. O prazo de suprimento será de 40 anos, a partir do início da operação comercial.

De acordo com a nova lei, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) será responsável por autorizar a celebração desse novo contrato e a outorga – ou seja, a permissão de operação da usina. A unidade terá autorização para operar por 50 anos, prorrogável por mais. O CNPE também acompanhará a construção da planta, enquanto a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) observará o cumprimento de sua data de entrada em operação comercial, prevista para novembro de 2026. 

Adicionalmente, o preço de referência da energia de Angra 3 será atualizado pelo BNDES. Em seu cálculo, o banco levará em conta a manutenção da viabilidade econômico-financeira do empreendimento, a contratação de um financiamento nas condições de mercado e o respeito à razoabilidade e à modicidade tarifária. A instituição também atualizará o investimento necessário para concluir a usina, que hoje está calculado em cerca de R$ 15 bilhões. O investimento total feito até agora é de R$ 7,8 bilhões. O progresso físico global atual do empreendimento é de 65%.

Recursos para a usina

Outro marco importante veio no final de janeiro. Na ocasião, a Eletrobras aprovou o descontingenciamento dos recursos necessários para a Eletronuclear publicar o edital de contratação da obra civil de Angra 3 no âmbito do plano de aceleração do caminho crítico da usina. O objetivo é adiantar algumas atividades de construção da unidade antes mesmo de a Eletronuclear contratar a empresa que irá empreender a obra global. A expectativa é que isso aconteça até março.

Esses recursos são provenientes do Adiantamento para Futuro Aumento de Capital (Afac) aprovado pela Eletrobras em julho do ano passado. Em 2020, a empresa liberou R$ 1,052 bilhão para a Eletronuclear. Para 2021, estão previstos R$ 2,447 bilhões adicionais. O montante total do Afac consta no Plano Diretor de Negócios e Gestão (PDNG) 2020-2024 da holding. 

A decisão da Eletrobras de conceder a Afac à Eletronuclear vem na esteira da aprovação pelo Conselho do Programa de Parcerias de Investimentos (CPPI), em junho último, do relatório de um comitê interministerial sobre o modelo de negócios para concluir Angra 3. O documento recomenda a contratação de uma empresa especializada por contrato de EPC – o que significa engenharia, gestão de compras e construção, na tradução do inglês – para terminar a obra, com base em avaliação independente feita pelo BNDES.

Agora, o banco está fazendo o detalhamento do modelo selecionado pelo CPPI. O trabalho tem acompanhamento do CNPE. Isso ocorrerá paralelamente à execução do plano de aceleração do caminho crítico de Angra 3 por parte da Eletronuclear.

Sócio em potencial

Apesar de ter decidido pela contratação de uma empresa epecista para concluir a usina, o CPPI abriu espaço para a entrada de um sócio no empreendimento, afirmando que essa seria uma escolha estratégica da Eletronuclear. Vale ressaltar que, caso a companhia resolva selecionar um parceiro para terminar a unidade, este teria participação minoritária. Isso porque a exploração da energia nuclear no Brasil é monopólio da União, segundo a Constituição.

Os principais atores internacionais da área nuclear já demonstraram interesse na conclusão de Angra 3. Quase todos já visitaram o sítio da usina e assinaram Memorandos de Entendimento (MOU, em inglês) com a Eletronuclear para troca de informações sobre o empreendimento. O grupo é composto por Westinghouse (EUA), EDF (França), Rosatom (Rússia), CNNC e SNPTC (China). Essas companhias também participaram de uma consulta ao mercado, conhecida como market sounding, sobre a construção da unidade, realizada pela Eletronuclear em 2019.

Vale ressaltar ainda que, no final de junho de 2020, a Eletrobras aprovou a conversão de contratos de Afac em novas ações da Eletronuclear, no valor total de R$ 850 milhões. Além disso, autorizou a capitalização de contratos de financiamento nos quais a holding é credora de sua subsidiária, no montante de quase R$ 1,036 bilhão. Esses foram passos importantes para sanar as dívidas da Eletronuclear com a Eletrobras.

A Eletronuclear também vem negociando as dívidas que a companhia tem com o BNDES e a Caixa Econômica Federal (CEF) por conta do financiamento de Angra 3, que somam R$ 6,6 bilhões. A empresa vem pagando, mensalmente, R$ 30,1 milhões ao BNDES. Já para a Caixa, a companhia paga R$ 24,7 milhões mensais.

Aceleração do caminho crítico

Entre as principais medidas que constam no plano de aceleração do caminho crítico está a conclusão da superestrutura de concreto do edifício do reator de Angra 3. Além disso, será feita uma parte importante da montagem eletromecânica, prevista na fase inicial do cronograma de retomada da obra, que inclui o fechamento da esfera de aço da contenção e a instalação da piscina de combustíveis usados, da ponte polar e do guindaste do semipórtico.

Para começar, precisa ser feita a contratação da companhia que finalizará os projetos de engenharia e da empreiteira responsável pelas obras civis e pela montagem no âmbito do plano. É necessário ainda contratar as empresas de apoio e fiscalização da fabricação de componentes e das obras civis. 

Por fim, há que se fazer a preparação do edital para a seleção da epecista que será responsável pela finalização das obras civis e da montagem eletromecânica da usina. Essa tarefa será feita por uma empresa contratada pelo BNDES. Essa companhia também fará uma avaliação independente da situação da obra, da preservação dos equipamentos, do orçamento e do cronograma do empreendimento.

A expectativa é que o contrato das obras civis que serão realizadas no âmbito do plano seja assinado até maio de 2021. Com isso, o primeiro concreto – marco importante da retomada das obras de Angra 3 – deve ser lançado em outubro. A contratação da empresa epecista que dará sequência à obra está prevista para o segundo semestre de 2022. O principal objetivo do plano de aceleração é preservar a data de entrada em operação da usina, prevista para novembro de 2026.

Segurança no abastecimento

A conclusão de Angra 3, que tem potência de 1.405 MW, é importante por várias razões. Para começar, a usina vai ajudar a garantir segurança de abastecimento para o sistema elétrico brasileiro. A geração da unidade será suficiente para atender 4,5 milhões de pessoas. Com a entrada da unidade em operação, a energia gerada pela central nuclear de Angra será equivalente a, aproximadamente, 60% do consumo do estado do Rio de Janeiro.

A geração de Angra 3 também substituirá a energia mais cara de térmicas a óleo diesel e combustível que hoje é frequentemente despachada pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). A usina também gera uma energia limpa, pois não emite gases responsáveis pelo efeito estufa, ao contrário das termelétricas movidas a combustíveis fósseis.

Outro ponto relevante é sua proximidade aos principais centros de consumo do país, o que contribuirá para evitar congestionamentos nas interligações entre os subsistemas. A construção da unidade também é fundamental para dar escala a toda a cadeia produtiva do setor nuclear brasileiro, da produção de combustível à geração de energia.

O empreendimento representará ainda a criação de cerca de 7 mil empregos diretos, no pico da obra, além de um número muito maior de empregos indiretos. A grande maioria será contratada na Costa Verde, o que será um importante fator para movimentar a economia da região.

Fonte: Eletronuclear


CARLOS MARIZ DEFENDE USINA NUCLEAR EM ITACURUBA, PE
Por Carlos Henrique da Costa Mariz
A central nuclear de Itacuruba, em Pernambuco, é um importante projeto para segurança energética da região Nordeste, sustentável e com grande impacto no desenvolvimento regional.



A geração de energia elétrica no mundo é predominantemente de energia térmica, incluída a nuclear. Verifica-se que da produção total de eletricidade 40% é proveniente do carvão mineral, 23% de gás natural, 16% de hidroelétricas, 11% de nuclear, 5% de petróleo e o restante de eólica, solar e outros. As termelétricas são confiáveis, não dependem do clima e operam sobre completo controle dos operadores enquanto que as renováveis dependem do clima. As pressões ambientais ligadas ao clima vêm mudando esse perfil aceleradamente.



A energia nuclear exerce um papel fundamental para concepção de uma matriz equilibrada, fornecendo segurança energética. Existem no mundo 444 usinas nucleares em operação, 54 em construção, 111 em aprovação e mais 330 em planejamento.



Apesar de muito se falar dos acidentes de Fukushima e Chernobyl, amplamente estudados, a UNESCAR- United Nations Scientific Committee On Effects of Atomic Radiation, publicou relatórios mostrando os reais efeitos desses acidentes: Chernobyl 64 óbitos confirmados e sem evidências de impacto na saúde pública atribuídos a exposição à radiação 20 anos após o acidente; Fukushima sem baixas confirmadas. Aqui no Brasil seria praticamente impossível haver acidentes dessa natureza: a tecnologia PWR (reator a água pressurizada) que utiliza água como moderador e não grafite (que é inflamável) e que foi o principal responsável pela ampliação do acidente de Chernobyl. O Brasil, pela sua situação geográfica e geológica não está sujeito a grandes terremotos nem tsunamis de grandes proporções, que foram as principais causas do acidente de Fukushima.

A segurança das usinas nucleares é extremamente elevada pelo seu baixíssimo risco de acidentes e é comprovadamente mais segura que todas as fontes de energia elétrica. A revista Forbes publicou em julho de 2012 estudos sobre o assunto, mostrando que o número de mortes por TWH produzido por usina nuclear é a menor entre todas as fontes de produção: 90 para as nucleares, contra 1400 para hidroelétrica, 150 para eólica, 440 para fotovoltaica, 100.000 para carvão, 4.000 para gás natural, 36.000 para petróleo e 24.000 para biomassa. Além disso a nuclear é uma das fontes que menos emite CO2 ao lado de eólica, hidro e solar. Em toneladas de dióxido de carbono por gigawatt-hora: nuclear 17, eólica 18, hidro 15, solar 14, gás natural 622 e carvão 1041, segundo IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática.

“Quando energia nuclear é usada ao invés de energia fóssil vidas são salvas”. 1,8 milhões de vidas foram salvas até hoje pela substituição de energia fóssil pela nuclear, conforme observação do climatologista James Hansen.

O grande empresário americano da TESLA, Elon Musk, responsável pela produção de baterias e carros elétricos, afirmou que o consumo de energia elétrica deve dobrar no mundo nos próximos 20 anos, puxado pelo consumo de carros elétricos, e destacou a necessidade de termos uma fonte sustentável pois as vezes o vento não sopra e o sol não brilha. E concluiu pela necessidade de expandir a energia nuclear para atender os grandes volumes de produção de forma sustentável e sem emissões de CO2.

À título de exemplo, quase 80% da produção de eletricidade na França é de origem nuclear. França possui 58 usinas nucleares em operação em 19 sítios, onde 44 situam-se em rios como o Loire, Rhône, Sena etc. A França tem um dos mais baixos emissões de CO2 da Europa e também uma das menores tarifas de eletricidade. O país que mais possui usinas nucleares é os Estados Unidos, com aproximadamente 100 unidades e o paás que mais constrói é a China com 48 reatores nucleares em operação e 11 em construção dentre os 53 que estão sendo construídos no mundo atualmente. Mais de 30 países do planeta possuem geração nuclear 
em operação.

Aqui, no Nordeste do Brasil, temos tido apagões e sub apagões devido a grande volatilidade do sistema elétrico com um percentual elevado de usinas eólicas, com grande intermitência. Urge a complementação com energia de base limpa, razão pela qual a necessidade de blocos de energia nuclear.

E inegável os grandes benefícios para Pernambuco, para o Nordeste e para o Brasil da construção da Central Nuclear de Itacuruba. Com investimento de cerca de 30 bilhões de dólares, produção de energia superior a toda produção da CHESF, 10.000 trabalhadores na construção 5.000 funcionários, com altos salários trabalhando na Central, permanentemente e em tempo integral, e a uma receita anual de 5,5 bilhões de dólares para uma vida útil de mais de 60 anos, podendo chegar a 100 anos com upgrades!

O plano estratégico do Ministério de Minas e Energia aprovado em dezembro de 2020, PNE2050, sinalizou a necessidade de mais 10.000 MW de energia nuclear. A central de Itacuruba com seis unidades, se construída, representaria 6.600 MW.

É preciso que se compreenda a importância de uma matriz de energia elétrica bem equilibrada, onde a geração nuclear desempenha um importante papel de segurança energética e de baixa emissão de CO2, se quisemos obter metas elevadas de desenvolvimento econômico com sustentabilidade.

*Carlos Henrique da Costa Mariz é Vice-Presidente da ABEN – Associação Brasileira de Energia Nuclear e Conselheiro da ABDAN – Associação Brasileira de Atividades Nucleares



Fonte: Blog do Janilson



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Foto: Carlos Henrique da Costa Mariz é Vice-Presidente 
da ABEN
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