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CADA MÊS ADICIONAL FAZ ANGRA 3 FICAR R$ 100 MILHÕES MAIS CARA

Valor da tarifa se deve ao custo da ineficiência ou da indecisão e não da geração nucleoelétrica. Suspender a obra, como sugere novo conselheiro da ENBPar só aumentaria o prejuízo

“Cada mês adicional ao cronograma para o início da operação comercial da usina de Angra 3 agrega cerca de R$100 milhões ao custo total do empreendimento, a maior parte devido a despesas financeiras. Esse preço inclui, portanto, aquilo que se poderia chamar de custo de indecisão ou custo da ineficiência, que não se relacionam com a geração nucleoelétrica propriamente dita”.


Essa é a conclusão de uma análise mais detalhada sobre a questão de Angra 3 feita para a Associação Brasileira de Energia Nuclear (Aben) por um de seus especialistas e associado, o engenheiro nuclear Leonam dos Santos Guimarães. A análise demonstra que o preço de venda da energia de Angra 3, considerado alto em termos absolutos e utilizado como argumento pelo consultor Nelson Hubner para defender o abandono da obra pelo governo, se deve ao fato de agregar custos associados às paralizações e atrasos decorrentes de processos longos de tomada de decisão.


Novo conselheiro da ENBPar, nova estatal que substituiu a Eletrobras no controle da Eletronuclear, INB e Itaipu, Nelson Hubner reuniu a imprensa no último dia 26/06, para afirmar que uma de suas metas pessoais no governo será convencer o presidente Lula a abandonar o projeto de conclusão de Angra 3.


A declaração provocou forte reação do setor, pois caso essa seja a decisão do governo, o Brasil vai ter de arcar com um prejuízo de bilhões, já qeu as obras da terceira usina nuclear brasileira estão em pleno desenvolvimento. Além disso, o custo para a conclusão de Angra 3 até 2029 gira em torno de R$ 20 bilhões e para desmobilização do que já foi construído (mais de 70%) será de cerca de R$ 13 bilhões, sem falar no prejuízo social de 5 mil empregos diretos e 20 mil indiretos. Isso significa que abandonar as obras de Angra 3 vai exigir um gasto de R$ 13 bilhões para que, no final das contas, o país deixe de gerar 1,4 GW de energia nuclear limpa e segura. O custo para descomissionar o que já foi construído é quase igual ao custo para concluir a usina.


Setor reage


A proposta do ex-ministro e diretor da Aneel é totalmente incoerente do ponto de vista econômico, financeiro, social, ambiental, técnico e político, avaliam especialistas do setor. Caso os chamados “custos da ineficiência” fossem expurgados do cálculo final, o valor da tarifa seria significativamente reduzido, afirmam, lembrando ainda que, durante a recente crise hídrica, foi necessário pagar valores de MWh que chegaram a ultrapassar R$ 2.000. “Pode-se assim depreender que o preço de venda da energia de Angra 3 não é tão elevado em termos relativos”, explicam.


Do ponto de vista elétrico, a Unidade Termonuclear (UTN) Angra 3 traz os seguintes principais benefícios relacionados ao desempenho elétrico da Rede Básica de suprimento à área Rio de Janeiro/Espírito Santo, segundo a análise da Aben:

a) Permite manter a qualidade do suprimento em situações de parada das UTNs Angra 1 e Angra 2, para recarga ou manutenção;

b) Aumenta os limites de transmissão para a área Rio de Janeiro/Espírito Santo, reduzindo tanto a necessidade do uso de Sistemas Especiais de Proteção (SEPs) de corte de carga, principalmente em situações de contingências duplas, quanto a de geração térmica em situações de parada das UTNs Angra 1 e Angra 2, para recarga ou manutenção ou situações de indisponibilidade de Linhas de 500 kV;

c) Melhora o perfil de tensão nas malhas de 500 kV, 440 kV e 345 kV da região Sudeste, decorrente da redistribuição de fluxo através de atendimento local ao centro de carga (Rio de Janeiro e Espírito Santo).


Na contramão do mundo


               A proposta do ex-ministro Nelson Hubner, mais do que um retrocesso, é uma demonstração completa de ignorância sobre o que acontece no resto do -planeta. A Suécia é o exemplo mais recentre disso. Ao contrário do que propõe Hubner, o governo sueco acaba de abandonar suas metas de fornecimento de “energia 100% renovável” em meio a uma mudança de volta para a energia nuclear. Ao anunciar a nova política no Parlamento sueco, a Ministra das Finanças Elisabeth Svantesson disse: “Isso cria as condições para a energia nuclear. Precisamos de mais produção de eletricidade, precisamos de eletricidade limpa e precisamos de um sistema de energia estável.


Se levada à frente, a sugestão do consultor do governo coloca o Brasil na contramão do resto do mundo, que já vê a energia nuclear como uma energia limpa, de alta potência e de muita estabilidade, ignorando a questão ambiental gerada pelas mudanças climáticas. São características que fazem todo o sentido para o sistema elétrico brasileiro. O país precisa de perenidade, constância e fornecimento ininterrupto – e quem pode prover todas essas qualidades é a

energia nuclear.


Daí a importância de o setor nuclear ser tratado como Política de Estado e não de governo. Segundo diversos especialistas, a área nuclear não pode viver de “soluços”, mudando suas diretrizes e prioridades ou sofrendo interrupções conforme o gosto de governos.



Segundo dados da Associação Nuclear Mundial (WNA, na sigla em inglês), existem 447 reatores nucleares em operação no mundo, em 30 países, responsáveis pela geração de 10% de toda a energia consumida no planeta. A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) lista 56 reatores em construção no mundo atualmente, a maior parte na Ásia. Os países com mais reatores são EUA (92), França (56) e China (55).


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