XIII edição do SIEN debate o potencial da energia nuclear para diminuir emissões de CO2 poluição e incentivar o desenvolvimento da indústria
O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Paulo Alvim, afirmou durante a abertura do XIII Seminário Internacional de Energia Nuclear (SIEN), realizada no último dia 08/11, na sede da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), que a parceria público-privada é a principal estratégia para incentivar o aumento da oferta de energia de origem nuclear no Brasil.
A XIII do SIEN, que teve como tema central a “Tecnologia Nuclear – Amiga do Clima, do Homem e do Planeta”, reuniu especialistas para debater a energia nuclear e seu potencial para alavancar o desenvolvimento da indústria brasileira e diminuir a emissão dos gases que causam o efeito estufa. O ministro ressaltou que “mais do que transição energética, estamos falando de soberania energética. E a energia nuclear tem papel fundamental nisso. É um projeto de Estado”, afirmou.
Realizado pela Casa Viva Eventos, o Seminário durou três dias e tratou de temas como o papel da energia nuclear na transição energética do país e do mundo, sua contribuição para diminuir a emissão de CO2, os rigorosos padrões de segurança para a sua produção e as oportunidades de negócio e geração de empregos que o setor pode trazer para o país. Na mesa “Custo da energia nuclear x mudanças climáticas – por uma matriz mais colaborativa”, o engenheiro nuclear da Eletronuclear, Leonam Guimarães, criticou a visão da energia nuclear como commodity. “Há um entendimento errado sobre o custo da energia nuclear. Há muitas variáveis para calcular o custo da energia. O custo não é a medida do valor do produto. O serviço prestado por uma usina eólica é diferente do oferecido por uma usina hidrelétrica. Não dá para comparar”, explicou, ponderando que um sistema de produção e distribuição de energia com baixa diversidade tem pouca confiabilidade.
O desafio enfrentado para reiniciar o projeto da usina de Angra 3 foi o assunto do debate “Angra 3 – o marco da retomada – modelo de contrato e novas oportunidades de negócio. O chefe da assessoria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Expansão da Geração da Eletronuclear, Marcelo Gomes, contou que, em 2018, foi criado um grupo na empresa para avaliar o prosseguimento das obras. Também decidiram contratar o BNDES para assessorar na criação de um modelo que estivesse dentro de um arcabouço financeiro, jurídico e regulatório específico. “O grande problema era a alocação de riscos. A parceria com o BNDES foi fundamental para pôr essa modelagem nos trilhos. Já tem gente no canteiro de obras virando cimento”, comemora.
Funcionário da Nuclep (empresa que fabrica equipamentos para as usinas nucleares de Angra) há 27 anos, o técnico industrial, formado em engenharia, Jairo Bastos, avalia que das 17 metas para o milênio, estabelecidas pela ONU, para melhorar a vida no planeta, 11 podem ser alcançadas com ajuda do desenvolvimento industrial sustentável. Mas para isso é preciso energia limpa. Ele informou, em sua palestra, que de cada R$ 1 investido na construção de uma usina nuclear retornam R$ 2 para o governo federal. E essas empresas podem ser equipadas com máquinas e equipamentos brasileiros. “A opção seria importar, criando empregos no exterior e gastando em dólar. A questão não é quanto custa o domínio de uma tecnologia. É quanto vale esse domínio, que é de poucos países”, disse.
De acordo com o relatório Balanço Energético Nacional, da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), em 2021, o Brasil usou 44,7% de energias renováveis, e 55,3% de não renováveis. A energia nuclear corresponde a 1,3% do total da matriz brasileira e chega a 5% no mundo.